quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Toyota: o segredo está na contradição

Chega ao Brasil, mais um livro que analisa o sucesso da Toyota. Com o título de "Extreme Toyota - Radical Contradictions that Drive Success at the World's Best Manufacturer", a publicação vai muito além da análise do sistema de produção exuta (considerar como desperdício qualquer uso de recursos que não sirva à criação de valor para o comprador - devendo esse excesso, portanto, ser eliminado) adotado pela montadora.
Após 6 anos de pesquisas em 11 países, documentos internos, acompanhamento de encontros de revendedores, sessões de treinamento e centenas de entrevistas, os autores do livro chegaram a uma "descoberta-chave", com dizem: o sucesso da Toyota vai além do famoso sistema de produção, ele está presente nas práticas de gestão (criador e fomentador de um conjunto de contradições, opostos e paradoxos no interior da organização).
"Quanto mais turbulenta a época, mais contradições existem", afirmam os autores do livro. "A Toyota é implacável em colocar forças contrárias umas contra as outras para obter inovação contínua e renovação constante." Exemplo simples é a resolução da aparente contradição entre economia de combustível e desempenho, que fizeram do Lexus o carro de luxo mais vendido nos Estados Unidos. Criam-se assim campos de trabalho, e de resolução de contradições, em que, de um lado, estão o sistema de produção, a gestão de logística e a pesquisa e desenvolvimento; e de outro, a gestão de recursos humanos, a gestão dos revendedores e a cultura corporativa. As contradições são procuradas nas relações entre esses campos.
A Toyota se esforça para ficar no 'extremo', um estado de desequilíbrio em que as contradições radicais coexistem, afastando a empresa da zona de conforto, criando tensão e instabilidade saudáveis", explicam os autores. Essa tensão catalisa movimentos para a frente, para níveis mais altos de desempenho. O presidente Katsuaki Watanabe não perde oportunidade para fazer chamamentos à responsabilidade coletiva para se atingir esse objetivo permanente (como aconteceu em 2006, quando uma série de "recalls" manchou a reputação de qualidade da empresa). "Vocês têm que pôr sua vida na linha de montagem, a fim de fazer algo de bom". Como base de tudo, aquilo que ele chama de "espiral ascendente" de criação de conhecimento, em processos adaptados a cada país em que a empresa esteja presente - e bater a concorrência.

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