terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O milagre da venda do Panamericano.


Em novembro do ano passado, o mercado foi pego de surpresa com a notícia de que Banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos e da Caixa Econômica Federal, apresentava um rombo de R$ 2,5 bilhões, encoberto por lançamentos fraudulentos em sua contabilidade.

A Caixa Econômica Federal alegou desconhecimento e o próprio Silvio Santos se mostrou perplexo. Nenhum dos sócios sabia de nada, apesar do Panamericano passar por auditorias regulares, feitas por uma das maiores e melhores empresas do setor no mundo.

Nos últimos dias esse valor foi corrigido e a imprensa passou a noticiar um rombo maior, algo em torno de R$ 3,8 bilhões.

Para evitar a quebradeira, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) fez dois aportes ao Banco. O primeiro empréstimo aconteceu em novembro de 2010, tendo como garantia todo o patrimônio de Silvio Santos. O segundo aporte ocorreu nos últimos dias e serviu para cobrir o restante do rombo bilionário.

Hoje, 01 de fevereiro de 2011, a imprensa vem noticiando que Silvio Santos está livre de qualquer dívida e que os seus bens deixaram de garantir os empréstimos feitos pelo FGC. Como?
Em uma complexa engenharia financeira envolvendo os bancos Panamericano e o BTG Pactual, o FGC, a Caixa e o Banco Central, Silvio não terá de pagar nenhum real. E o Pactual dificilmente sairá da negociação desembolsando mais do que os 450 milhões de reais utilizados para comprar a participação de Silvio no banco. Como é que isso é possível?

Estão sendo acertados junto ao Banco Central os termos de um acordo que obriga o BTG Pactual e a Caixa a fazerem significativos aportes financeiros periódicos para garantir a liquidez e a saúde do Panamericano. Como exemplo, a Caixa anunciou que, no curto prazo, irá adquirir direitos creditórios e aplicará em depósitos interfinanceiros do banco – uma forma de injetar recursos. No final do dia, todos saíram ganhando, com exceção do FGC. O BTG, que adquiriu um banco com 3,8 bilhões de reais em caixa por 450 milhões de reais; a Caixa, que não teve prejuízo algum com o rombo, a não ser a desvalorização (reversível) de suas ações; e Silvio Santos, que entregou ao mercado um banco quebrado e se livrou completamente de qualquer dívida. Já o FGC corre o risco de amargar um prejuízo de até 3,35 bilhões de reais – caso o BTG resolva saldar sua dívida o quanto antes. O que, diante do patrimônio atual de 5,6 bilhões de reais do banco BTG Pactual, não seria um cenário improvável.
Tudo acertado, Silvio Santos se despediu, com R$ 450 milhões no bolso, dizendo que poderia voltar para Orlando mais tranquilo.

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